sábado, 3 de setembro de 2016

Décima lei de qualidade de vida - ser empreendedor, trabalhar perdas e frustrações

Augusto Cury ensina que qualidade de vida é ser empreendedor.  Ele não quer dizer exatamente que você precise ter um negócio.  Entendi que a mente empreendedora acaba por trazer qualidade de vida por trabalhar com emoções.  Quem tem a mente empreendedora acaba tendo qualidade de vida.

O caminho empreendedor não é feito de facilidades.  Haverá desafios,  sempre. Então haverá perdas e frustrações.  Saber preparar a mente para esses momentos e ser resiliente é uma habilidade empreendedora. E trazendo para a vida das outras pessoas,  todos que conseguem lidar bem com perdas e frustrações são mais saudáveis.

O autor também sugere que criemos oportunidades,  não esperando que elas apareçam. Muitas pessoas reclamam que a vida não lhes deu oportunidades.  Mas também não fazem nada para criar oportunidades.  Elas continuam a esperar passivamente que algo aconteça.  Quem tem a mente empreendedora não espera passivamente.  Essas pessoas fazem as coisas acontecerem.

Como assim criar oportunidades?  Muitas pessoas não o fazem por não ter a mínima idéia de como fazer. Ninguém as ensinou. Outras pessoas também nasceram sem oportunidades, mas instintivamente foram criando oportunidades. E o bom de se criar oportunidades é que a auto confiança vai crescendo.

Eu nasci sem oportunidades. Com 12 anos tinha um avó empreendedor e muito trabalhador que mesmo aposentado fazia os "peixinhos", uma espécie de pipa com papel de seda e varetas.  Ele não tinha como nos ajudar. Ele mesmo tinha que criar a própria oportunidade e o fez. Percebendo que talvez eu e minha irmã pudéssemos fazer os peixinhos, nos deu a oportunidade.  E assim eu com 12 anos fui ajudá-lo e tinha já meu pequeno salário.  Usava em roupas e materiais escolares para contribuir em casa.

Mais tarde minha mãe criou outra oportunidade.  Ela sempre gostou de artesanato e começou a fazer cartões.  Eu e minha irmã fomos ajudá-la. Fizemos os cartões e vendíamos na escola. Perceba que não estávamos com trabalho formal, desemprego não é desculpa para empreendedores e criadores.

Depois consegui emprego formal numa farmácia como balconista. Consegui o emprego por causa de minha redação e boa aparência.  Foi o que minha gerente me disse. Sempre fui estudiosa e leitora, amava livros e mesmo sem dinheiro para comprar livros,  frequentava a biblioteca. Criei minha oportunidade ao ser boa aluna e boa leitora. Sobre a boa aparência nunca me ative a isso e nem me cuidava, não tinha condições financeiras para isso,  então seria apenas boa genética e tenho a agradecer meus pais. Brincadeira,  não me acho de tão boa aparência que tenha conseguido uma oportunidade por causa disso. Mas enfim, gosto não se discute, e ainda bem que ela me escolheu também por esse critério.

Com o salário de balconista ajudava nas despesas de casa e ainda tinha o sonho de estudar inglês.  Criei minha oportunidade estudando sozinha com livros emprestados de uma amiga, muito querida até hoje, ela também me ajudava com a pronúncia. Minha disciplina me fez estudar todos os livros. No teste de admissão consegui avançar metade do curso. Em pouco tempo meu professor e dono da escola percebeu que estava mais avançada que a turma e sugeriu aulas particulares.  Ele tinha certeza que concluiria o curso muito mais rápido com aulas particulares.  Tinha criado minha oportunidade com os cartões que fazia e vendia, já que não tinha como tirar do salário de balconista,  e não tinha condições de pagar aulas particulares pois eram bem mais caras. Expus o problema e conseguimos chegar a uma solução.  Desconto e diminuição de carga horária.  Ele acreditava que mesmo com menos horas eu tinha chance de ir muito rápido.  Ao mesmo tempo ofereceu o treinamento de professores aos domingos.  Assim treinaria mais e daria para acertar a diminuição da carga horária. Topei e não faltava ao treinamento.  Não pensava em ser professora de inglês,  apenas não perdi a oportunidade de treinar. Não tinha terminado o curso de inglês quando fui chamada para lecionar aos sábados para crianças.  Não perdi a oportunidade. E a criei quando aceitei trocar minha carga horária de grupo pelo treinamento. E por não faltar, mesmo sendo no domingo.

Com o curso de inglês tive oportunidade de trabalhar numa companhia aérea.  Teria viagens grátis e cortesia em hotéis.  Ao mesmo tempo surgiu oportunidade em uma faculdade. Teria bolsa de estudo na faculdade. Adivinha o que escolhi? Faculdade,  claro. Criei a oportunidade de fazer faculdade sem condições financeiras de pagar pelo curso. Com a faculdade, criei oportunidade para ser professora por profissão.  Lecionei em prefeitura, escola de idiomas e escola particular. Queria dar o meu melhor. E o melhor era ter o certificado de Cambridge.  Fui atrás de toda e qualquer oportunidade e obtive o certificado almejado.

Mais tarde comecei a prestar concurso para outras áreas. Criei uma nova oportunidade ao passar para outro concurso.  Desisti de lecionar e me dediquei com a dedicação dos Caxias que sempre me foi familiar. Eu sou assim. Não importa se é público,  não importa como os outros fazem,  sou sempre dedicada e foi exatamente isso que me abriu portas. Me decepcionei, pois pela primeira vez minha dedicação me prejudicou. Era tão dedicada que incomodei.  Tanto que nunca houve motivo para me prejudicar. Tiveram que inventar, pois procurando não acharam nada. E ainda assim continuo dedicada. É do DNA,  agradeço a meus pais. Não tem como tirar dedicação do meu ser. Para ser sincera, gosto muito do que faço e hoje não passo mais pela situação que passei. Mas ainda é difícil superar. A gente não esquece tão fácil.  Dedicação paga com rasteira.

E então percebi que havia novas oportunidades. E as agarrei. Estão sendo muito boas. Sempre conseguiremos criar oportunidades na vida. E ser empreendedor é saber lidar com as perdas e frustrações,  eu quero ser empreendedora, então vou ter que lidar com tudo. Estou aprendendo muito. Sobretudo,  minha oportunidade que criei está sendo um aprendizado.  E ao aprender essa lição terei incorporado mais qualidade de vida.

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