quarta-feira, 12 de julho de 2017

Evite preocupação contando a si mesmo uma bela história

"Todas as manhãs,  antes de sair,  olhava-se no espelho e dizia a si mesmo esse discurso: 'Kaltenborn,  você tem de fazer isso, se quiser comer. E já que você tem que fazê-lo,  por que não de maneira interessante?  Por que não imaginar,  cada vez que você bater uma porta,  que você é um ator diante dos refletores,  e que há uma platéia vendo-o representar?  Afinal de contas,  o que você está fazendo é tão engraçado como qualquer outra cena apresentada no palco.  Por que você não põe muita satisfação e entusiasmo nisso?"'

Carnegie conta a história desse senhor que não sabia francês mas era vendedor porta a porta.  Mesmo sem saber o idioma,  ele decorava o texto e ia todos os dias para a labuta. Colocava o texto no chapéu, por segurança.  Quando a dona de casa fazia mais perguntas, ele mostrava o texto escondido no chapéu e ambos se divertiam. Ele fazias as vendas. Era uma cena engraçada.  Mas talvez não fizesse bem para a auto estima dele se ele contasse a história errada para si mesmo.

Se ele contasse a história errada seria um fracasso, talvez não fosse citado por Carnegie,  passaria fome e pediria esmolas como um pobre coitado. Não ele. Ele fez disso Um espetáculo.  Isso porque contou a história certa a ele mesmo todas as manhãs.

Ontem ouvi um testemunho de uma pessoa que não queria trabalhar para os outros, queria montar seu próprio negócio,  mas achava que precisaria de milhões para conseguir. Até que viu um vídeo de alguém que vendia bolo no pote em uma bicicleta.  Ninguém precisa de milhões para vender bolo no pote em uma bicicleta.  Mas se a pessoa contar a história errada, pode achar isso uma humilhação.  Ele não.  Disso evoluiu para venda de bolo e salgados para festas. Pela Internet, já não saia na rua. Depois, abriu um restaurante.  Isso porque lá atrás contou a história certa.

Essa história fez-me lembrar de uma grande loja de calçados na cidade. A dona começou vendendo chinelos porta a porta,  depois começou a vender calçados em uma sala comercial. Hoje tem várias lojas. Ela contou a si a história certa. Não achou que fosse humilhação e fez pouco a pouco,  cresceu na medida que podia dar os passos.

Muita gente já conta a história se vendo no topo. Não quer passar pelas primeiras etapas. Depois não sai do lugar e fica preocupado.  Ação é fundamental para acabar com preocupação. Só começaria algo se já tivesse um milhão para começar grande. Esquecem que são nos primeiros passos que aprendemos para podermos nos segurar no topo.

Voltei a estudar japonês e estou no básico dos básicos.  O inglês também continuo. Não é porque tenho o CPE de Cambridge que vou pensar que sei inglês.  Claro que atualmente o nível de detalhe, pronúncia,  gramática é outro. Quem se vê no topo acha que consegue falar inglês sem passar pelas primeiras etapas. Está contando a história errada para si mesmo e vai continuar no mesmo lugar se não mudar a história.  É como se no meu estágio de japonês eu quisesse a mesma fluência que tenho no inglês.  Impossível.  Preciso me dedicar muito para chegar no estágio que estou no inglês.  Não consigo fazer quase nada na língua japonesa.  Sou praticamente analfabeta em japonês.  Por isso, tenho que passar pelas primeiras etapas.

Ao invés de se preocupar,  temos que passar pelas primeiras etapas. Ir pelo básico mesmo. Contar a nós mesmos que precisamos ir passo a passo, que não conseguimos do nada dar um salto gigantesco. A não ser que se trapaceie,  mas claro que pessoas com auto estima boa sabem que não precisam de trapaças, pois trapaças  podem trazer preocupação lá na frente. E quem confia em seu potencial sabe que consegue sem trapacear.



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