quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Você é agente modificador de sua história?

"A maioria de nós somos vítimas de nossas histórias psicossociais ou omissos diante da miséria do outro. Uma minoria é agente modificador de sua história,  agente expansor do humanismo,  da cidadania e dos direitos humanos derivados da democracia das ideias."

A nossa história determina o que somos.  Desde pequenos aprendemos conceitos,  vivemos experiências e elas vão moldando nosso pensar e agir. Todos somos o que somos por fatores genéticos e sociais. Não podemos escolher o que vão infundir em nossas mentes, nem as experiências quando crianças.  No entanto, chega um momento da vida em que decisões começam a ser tomadas. Reações às situações começam a surgir. E é nesse momento que ficamos cada vez mais responsáveis por nossa história de vida.

Nós não escolhemos nossa origem, mas podemos escolher nosso destino. Já contei inúmeras vezes no blog.  Nasci pobre mesmo, passei por muitas dificuldades e comecei a trabalhar com 12 anos.  Talvez por isso acredito que trabalhar é tão importante.  Antes disso já cuidava da casa e fazia afazeres domésticos.  Não tenho problema algum com trabalho e já fui assediada por trabalhar demais. Mas para mim era o normal. Trabalhar nunca fez mal para mim. Pelo contrário,  quando cresci sempre tive dois empregos,  duas escolas,  enfim, conseguia dar conta de tudo porque desde criança sei o que é trabalho.

Talvez isso determinou minha história.  Meus pais me ensinaram a lutar e trabalhar ao invés de sentar e chorar. Desde criança gostei de estudar, então estudo também nunca foi problema.  Meus pais sempre nos ensinaram a disciplina e cobravam desempenho escolar.

Aprendi coisas boas e também crenças nem tão boas. Mas há um momento na vida que eu podia ter feito escolhas diferentes e não o fiz. Portanto sou 100% responsável por tudo de bom e ruim que ocorreu em minha vida. Não sou vítima de nenhuma escolha ruim que fiz. Não sou vítima de nenhuma situação ruim, pois com certeza antes disso tinha feito uma avaliação descuidada da situação.

Não sou mais vítima de nenhuma dor minha. Tudo é causa e consequência.  Sei que é difícil internalizar isso. Não precisamos de pressa, precisamos de consciência.  Hoje eu simplesmente digo a mim mesma que sou responsável.  Sem pressa, procuro minha responsabilidade. Ela está em algum lugar,  mesmo que pareça difícil enxergar.

Já escrevi no blog sobre assédio moral. O pior foi da amiga íntima do chefe. Na época,  assumia uma postura de vítima.  Mas claro que foi 100% minha responsabilidade.  Eu sabia que ela era o que era. Isso não posso mudar. Eu sabia do que ela era capaz.  Isso não posso mudar. Então podia ter me submetido,  feito a vontade dela. Claro que sim. Seria o mais lógico e evitaria o assédio.  No entanto, escolhi meus valores. Cada escolha,  um resultado. E eu fiz a escolha por esse resultado. Tenho sim 100% de responsabilidade.  Se eu não quisesse assédio,  tinha que escolher submissão.

Claro que é liberdade dizer não e fazer uma campanha contra o assédio.  Claro que ela podia cometer assédio mesmo a quem obedece cegamente e provavelmente submeter as pessoas assim é assédio, pois não lhes dão escolha.  É uma escolha ser assediado ou lutar por liberdade,  desde que se meçam consequências. Mas o resultado era esperado.  Errado era eu esperar algo diferente.  Talvez até esperasse algo mais moral do chefe.  Mas ele fez a escolha por valores que ele tinha.  E não era demais esperar dele um valor bom e moral sob minha perspectiva?  O valor que ele escolheu foi bom sob a perspectiva dele. E isso eu não posso mudar. E então isso saiu da mão dele e foi para mão de terceiros e felizmente eles conseguiram ver por perspectiva diferente e me inocentaram.  Eles terem me inocentado também foi 100% responsabilidade dela. Por não ter imaginado que poderia cair em mãos de terceiros. Por não ter previsto que ela controlava o chefe e ele por sua vez controlava outros, mas não o mundo. E ela acredita que controla o mundo por meio de cada instrumento que ela arranja. E assim vamos cada um escrevendo sua história... Talvez ela seja assim devido a história dela, às misérias que eu desconheço... mas com certeza ela é produto da história dela. E com certeza não é vítima da história dela, pois só ela tem o poder de escolher o destino dela. Cada escolha, um resultado.  Mas enfim, ser grande no humanismo compreende entender as dificuldades do outro.

Ainda tenho dificuldade em entender. Mas o primeiro passo é estar com a a mente aberta para tentar.


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