"Pois agora conheces o segredo do amor, que, para se receber deve ser dado sem qualquer idéia de retribuição. Amar para obter realização, satisfação ou orgulho não é amar. Amar é um bem pelo qual não se exige retribuição alguma. Agora sabes que amar sem egoísmo constitui sua própria recompensa. E mesmo que o amor não seja retribuído, não se perde, pois voltará a ti e abrandara e purificará seu coração."
Um grande milagre é não esperarmos retribuição, mas termos certeza da recompensa. Muitas pessoas encontraram a receita da frustração, esperar a retribuição. Expectativas que dependem do outro sempre causam frustração. O outro não vê como vemos, ele é uma outra pessoa, um outro indivíduo.
Deus amou o mundo de tal forma que deu seu filho unigenito para que o homem não pereça. E Deus não fez cobranças, não exigiu retribuição alguma. Alguns recompensam tamanho amor entregando suas vidas a Deus. Mas Deus sabe que não serão todos? Claro, ele não tem expectativas irreais. O problema é que nós humanos temos. Geralmente nossas expectativas são irreais e nos frustramos muito.
Conheci uma pessoa que descobriu essa fórmula da infelicidade. Ela tinha um marido que dava tudo para ela. Nunca estava contente. Nunca era suficiente, o que ele fazia não era bom o bastante. Inconformada, tinha um amante que também dava, mas não era bom o bastante, fazia as exigências mais descabidas. O amor para ela era uma troca. Fazia os mais diversos tipos de regime em troca do amor, pois mesmo com todos os regimes era uma mulher considerada forte e dizia que o amante reparava se alguém engordava e fazia comentários. Não estava satisfeita com o corpo e fez diversos tipos de cirurgias, como se cirurgia comprasse amor.
Comprava as pessoas com favores que supostamente fez para essa pessoas. Na realidade, ela sabia tanto utilizar o sistema límbico das pessoas que roubava a lógica delas. As pessoas eram convencidas que se ela saísse para almoçar com elas, ela estava fazendo um favor, mesmo que a outra pessoa pagasse o almoço dela, mas o favor deveria ser mais tarde retribuído. Mesmo que saísse para almoçar duas vezes, fazia parecer ser um hábito, todos os dias. O mesmo podia dizer-se de convites à casa dela. Se a pessoa fosse apenas duas vezes, mesmo que para presenteá-la, ela convencia a outra pessoa que fez um favor e que isso era frequente. E esse "favor" deveria ser retribuído mais tarde.
Na mente dela, ela só estaria contente se "os favores" fossem retribuídos, como se cada ação dela tivesse um preço a ser pago. E isso trazia muita frustração e tristeza quando a pessoa enxergava diferente. E não retribuía supostos favores. Isso tirava a paz dela.
Podemos ficar muito contentes que nossa mente não funciona assim. Que ninguém precisa retribuir nada que fazemos a elas. Podemos nos alegrar e regozijar que os presentes que demos não são cobrados, os almoços que pagamos também não. Se vier, será apenas uma recompensa. Se não vier, ficamos felizes mesmo assim. Se a pessoa não enxergar, está bom mesmo assim, pois somos bem aventurados e estamos em paz.
É uma bênção que ninguém precisa ver isso, mas Deus vê e grande será a recompensa. Deve ser por isso que muitos acreditam que o sermão da montanha é uma fórmula de felicidade. Jesus inicia com promessas, seremos recompensados. Não fazemos por retribuição, mas pelo amor a Deus e ele nos compensará. Mesmo porque depende muito de fé. Quem faz algo que não tem garantia no mundo material, que será obrigado a acreditar apenas na Palavra? Apenas quem tem fé e amor verdadeiro ao Criador. A retribuição não é garantida materialmente.
Assim, amar é fé na recompensa. Não de quem o amor foi dado, mas recompensa que abrandara e purificará nosso coração. Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Podemos ficar muito contentes por estarmos purificando nosso coração. Podemos ficar muito contentes que a purificação é suficiente, não precisa retribuição.
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