"E por que ninguém fez nada a respeito? Por que queremos leis e regras se não nos dispomos da vontade necessária para pratica-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos! Não voltem a ficar calados, nunca mais! Quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e dignidade não se negocia." Site Contando Histórias, Aula de Direito.
Segundo a história "Aula de Direito" no site Contando Histórias a dignidade não deveria ser negociada. Na primeira aula de Introdução ao Direito o professor foi grosseiro com um aluno e o mandou sem motivo para fora da sala. Depois perguntou para que serve o Direito. Os alunos foram tentando até concluírem que serve para fazer justiça. E então ele faz a pergunta do trecho selecionado. Por que ninguém fez nada a respeito? Por que deixaram-no ser injusto com o aluno expulso da sala?
A pergunta é muito boa. A resposta é que sem dizer palavra os alunos estavam negociando com o professor. Negociavam sua sobrevivência nas aulas. Negociavam não serem assediados pelo professor por contrariá-lo. Negociavam uma boa nota na prova, ou pelo menos não serem prejudicados na prova.
Negociavam. E se percebessem que o aluno seria excluído mesmo, poderiam continuar a negociar. Começariam a excluir esse aluno para fazer média com o professor, para ganhar pontos com o professor.
Felizmente era apenas uma aula prática para mostrar a injustiça. E mostrar como na prática é difícil fazer justiça. Quando o calo aperta fica difícil. Não dispomos da vontade necessária. De fato, exige-se bastante força de vontade para ir contra padrões estabelecidos, hábitos arraigados.
Portanto, na maioria dos casos, as pessoas negociam sua dignidade. A não ser que tenha a vontade necessária. E quão poucos são aqueles com vontade necessária. E provavelmente serão aqueles excluídos exatamente por não tolerarem injustiças.
E assim voltamos ao nosso estudo de caso. A colega viu que defender a causa dos pequeninos que usam os serviços público de saúde exigia uma vontade. É certo que a maioria não fará nada a respeito, afinal não é da conta deles. Estamos nós tão ocupados com nossos próprios problemas... e nossas necessidades egoístas...
Exigia mais força de vontade ainda quando tinha que contrariar alguém que poderia revidar porque seu capricho não havia sido atendido.
Como está nossa vontade quando vimos uma injustiça? Damos a nossa própria pele pelo outro? Ou ficamos calados? Negociamos a nossa dignidade? Vendemos nossa dignidade?
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