quinta-feira, 7 de junho de 2018

Como as emoções influenciam no julgamento?

"Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho,  estando uma trave no teu?  Hipócrita,  tira primeiro a trave do teu olho,  e então verás claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão." Mateus 7:4-5

A fofoca é sempre um julgamento e temos que tomar muito cuidado com ela, pois geralmente vem acompanhada de um sentimento mau. As emoções reinam nas fofocas.  As fofocas não se apoiam em dados,  geralmente são maldosas. E o fofoqueiro tem um objetivo e um interesse.  Fofoca é diferente de informação.

Vamos analisar as emoções envolvidas no estudo de caso. Havia indícios que a colega sofreu bullying no caso do equipamento danificado juntamente com o livro de loucura.  As coincidências eram muitas.  Ela se sentiu lesada no seu limite. Foi ultrapassado um limite e ela quis esclarecer.  Dependendo das respostas poderia ser apenas coincidências inocentes.  Quando conversou com o estagiário,  pedindo esclarecimento foi firme. Houve assertividade. 

Provavelmente a emoção que ele sentiu foi pressão,  ficou nervoso e deixou escapar: "Não fiz eu, era um es..." Quando percebeu, calou-se e desconversou. Uma coisa é certa: após a oitiva dele, sabe-se que ele  sabia exatamente qual era o problema e simplesmente podia ter respondido o que falou na oitiva para a colega.  Ainda soaria estranho,  mas seria bem melhor do que a resposta que deu à colega. Mesmo assim, ele diz não ter contado o ocorrido para a Sra Drama. Qual o julgamento de quem se sente pressionado?  Será o mesmo de quem estava tranquilo? E por que ele não estava tranquilo?

A emoção da colega foi tristeza. A própria Sra Drama conta na representação que estava chorosa e que um rapaz de outra instituição estava consolando-a.  Ele só achou estranho porque a colega é estável, raro vê-la com cara de choro e por acaso ele tinha ido à sala dela, pois faziam trabalho conjunto.

A emoção da pessoa que contou ao chefe é uma incógnita,  mas a colega informou ao terceiro imparcial sobre o episódio da mentira.  Foi ela que queria que a colega mentisse,  mas isso isoladamente não significa nada. Afinal, foi o terceiro que a ouviu. Ele teria suas próprias impressões e a colega não tinha idéia do que ela tinha falado,  já que não tinha tido acesso. Qual o interesse de contar ao chefe?  Qualquer um contaria ao chefe? Ela sabia muito bem que Sra Drama era amiga do chefe. Que ele frequentava a casa da Sra Drama e que viajavam juntos.  Todos viam que na única garagem da casa, na época usavam uma casa para o núcleo,  estacionava o carro da Sra Drama porque ele assim determinou. Os chefes mesmos estacionavam na rua. E como isso foi contado?  Toda estória repassada vai de acordo com o julgamento da pessoa,  passa pelos filtros pessoais.  Então qual foi o julgamento dela? Por quais filtros perceptivos passou?  Quão acurada foi a narrativa do que ocorreu?

A emoção da Sra Drama é bem nítida pela representação.  O curioso foi dizer que a colega estava descontrolada.  Ela tinha plena consciência de que o estado emocional não era descontrolada,  era triste. E como saber? Sem preguiça intelectual,  a leitura revelou. O rapaz não estava acalmando alguém,  estava consolando. Com um pouco de lógica,  percebe-se que se consola alguém triste, não descontrolada. A colega estava chorosa, foi aproximadamente esse o termo usado pela Sra Drama, portanto controlou o choro, não saiu chorando descontroladamente.  Por outro lado, a Sra Drama chora descontroladamente e ela mesma admitiu. Ela grita e aponta o dedo e manda calar a boca. Esse tipo de coisa é feita por descontrolados. Assim, é um ato hipócrita pois acusa a outra de algo que na verdade ela é.  Descontrolada é ela.

Talvez a forte emoção da Sra Drama não permitiu que ela visse que quem agiu e age descontroladamente é ela. A segunda maldade também foi um descontrole.  E coincidentemente foi fazer a maldade segunda onde o rapaz trabalha,  ele é de outra instituição.  E ele chegou a comentar isso com a colega. Fez piada com a sala,  que era o mais grotesco. Todos sabiam que a sala era e tem de ser privada, a natureza do trabalho não permite que as pessoas vejam o que a colega faz. Se assim fosse, seria um erro grosseiro da própria instituição de posicioná-la num local onde todos vêem o que está na mesa e gavetas da colega. Óbvio que era estória. 

Portanto, uma pessoa descontrolada julga a outra e a chama de descontrolada. Quem chora daquele jeito tem uma trave nos olhos se não vê que aquilo é descontrole. Se não for,  é choro de má fé mesmo. Mas ainda resta os gritos, o apontar o dedo, o mandar calar a boca... isso é descontrole.

Jesus não condena ajudar o outro a tirar o cisco. Pode ser até bom, mas Ele pede para primeiro tirar a trave do olho.  E uma pessoa tão propensa a emoções,  que não sabe controlá-las, dificilmente enxerga a trave de seu próprio olho.  E ainda tem mais, aquela representação não tinha nada de ajuda. Os interesses eram bem outros. E isso não é julgamento,  ela mesma aponta seus interesses.

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