"Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão." Mateus 7:4-5
A fofoca é sempre um julgamento e temos que tomar muito cuidado com ela, pois geralmente vem acompanhada de um sentimento mau. As emoções reinam nas fofocas. As fofocas não se apoiam em dados, geralmente são maldosas. E o fofoqueiro tem um objetivo e um interesse. Fofoca é diferente de informação.
Vamos analisar as emoções envolvidas no estudo de caso. Havia indícios que a colega sofreu bullying no caso do equipamento danificado juntamente com o livro de loucura. As coincidências eram muitas. Ela se sentiu lesada no seu limite. Foi ultrapassado um limite e ela quis esclarecer. Dependendo das respostas poderia ser apenas coincidências inocentes. Quando conversou com o estagiário, pedindo esclarecimento foi firme. Houve assertividade.
Provavelmente a emoção que ele sentiu foi pressão, ficou nervoso e deixou escapar: "Não fiz eu, era um es..." Quando percebeu, calou-se e desconversou. Uma coisa é certa: após a oitiva dele, sabe-se que ele sabia exatamente qual era o problema e simplesmente podia ter respondido o que falou na oitiva para a colega. Ainda soaria estranho, mas seria bem melhor do que a resposta que deu à colega. Mesmo assim, ele diz não ter contado o ocorrido para a Sra Drama. Qual o julgamento de quem se sente pressionado? Será o mesmo de quem estava tranquilo? E por que ele não estava tranquilo?
A emoção da colega foi tristeza. A própria Sra Drama conta na representação que estava chorosa e que um rapaz de outra instituição estava consolando-a. Ele só achou estranho porque a colega é estável, raro vê-la com cara de choro e por acaso ele tinha ido à sala dela, pois faziam trabalho conjunto.
A emoção da pessoa que contou ao chefe é uma incógnita, mas a colega informou ao terceiro imparcial sobre o episódio da mentira. Foi ela que queria que a colega mentisse, mas isso isoladamente não significa nada. Afinal, foi o terceiro que a ouviu. Ele teria suas próprias impressões e a colega não tinha idéia do que ela tinha falado, já que não tinha tido acesso. Qual o interesse de contar ao chefe? Qualquer um contaria ao chefe? Ela sabia muito bem que Sra Drama era amiga do chefe. Que ele frequentava a casa da Sra Drama e que viajavam juntos. Todos viam que na única garagem da casa, na época usavam uma casa para o núcleo, estacionava o carro da Sra Drama porque ele assim determinou. Os chefes mesmos estacionavam na rua. E como isso foi contado? Toda estória repassada vai de acordo com o julgamento da pessoa, passa pelos filtros pessoais. Então qual foi o julgamento dela? Por quais filtros perceptivos passou? Quão acurada foi a narrativa do que ocorreu?
A emoção da Sra Drama é bem nítida pela representação. O curioso foi dizer que a colega estava descontrolada. Ela tinha plena consciência de que o estado emocional não era descontrolada, era triste. E como saber? Sem preguiça intelectual, a leitura revelou. O rapaz não estava acalmando alguém, estava consolando. Com um pouco de lógica, percebe-se que se consola alguém triste, não descontrolada. A colega estava chorosa, foi aproximadamente esse o termo usado pela Sra Drama, portanto controlou o choro, não saiu chorando descontroladamente. Por outro lado, a Sra Drama chora descontroladamente e ela mesma admitiu. Ela grita e aponta o dedo e manda calar a boca. Esse tipo de coisa é feita por descontrolados. Assim, é um ato hipócrita pois acusa a outra de algo que na verdade ela é. Descontrolada é ela.
Talvez a forte emoção da Sra Drama não permitiu que ela visse que quem agiu e age descontroladamente é ela. A segunda maldade também foi um descontrole. E coincidentemente foi fazer a maldade segunda onde o rapaz trabalha, ele é de outra instituição. E ele chegou a comentar isso com a colega. Fez piada com a sala, que era o mais grotesco. Todos sabiam que a sala era e tem de ser privada, a natureza do trabalho não permite que as pessoas vejam o que a colega faz. Se assim fosse, seria um erro grosseiro da própria instituição de posicioná-la num local onde todos vêem o que está na mesa e gavetas da colega. Óbvio que era estória.
Portanto, uma pessoa descontrolada julga a outra e a chama de descontrolada. Quem chora daquele jeito tem uma trave nos olhos se não vê que aquilo é descontrole. Se não for, é choro de má fé mesmo. Mas ainda resta os gritos, o apontar o dedo, o mandar calar a boca... isso é descontrole.
Jesus não condena ajudar o outro a tirar o cisco. Pode ser até bom, mas Ele pede para primeiro tirar a trave do olho. E uma pessoa tão propensa a emoções, que não sabe controlá-las, dificilmente enxerga a trave de seu próprio olho. E ainda tem mais, aquela representação não tinha nada de ajuda. Os interesses eram bem outros. E isso não é julgamento, ela mesma aponta seus interesses.
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