"Wilhelm Reich mostra como Zé Ninguém que existe dentro de cada um de nós sofre, se rebela, valoriza seus inimigos, destrói seus amigos e faz mau uso do poder, quando o tem. Vejamos algumas falas de Reich sobre o Zé Ninguém. Um Zé Ninguém não sabe quando e de que forma ele é um Zé Ninguém. Não sabe que é pequeno e tem medo de saber. Esconde sua insignificância e estreiteza por trás de ilusões e força de outra pessoa. Sente orgulho de seus generais, mas não de si mesmo. Admira uma idéia que não teve. Seu feitor é você mesmo. Ninguém tem culpa de sua escravidão, a não ser você mesmo. Você já teria se livrado dos seus opressores há muito tempo, se não tivesse aprovado a opressão e dado tanto apoio direto." Seja assertivo! Vera Martins
Esse trecho parece bastante ofensivo aos passivos. Minha intenção ao mencioná-lo é apenas uma provocação aos nossos pensamentos e à nossa zona de conforto. Eu li e me vi como uma Zé Ninguém. Quem nunca foi Zé Ninguém? O mesmo que disse em relação aos agressivos, que excepcionalmente podemos ter agido agressivamente, excepcionalmente podemos ter agido como Zé Ninguém, mesmo que seja em apenas uma área de nossa vida.
Sim, como seres humanos variamos nossos ânimos. Mas o que importa não é o nosso excepcional, é o nosso padrão. E quando agirmos como Zé Ninguém também podemos arrancar isso e atirar para longe de nós. Eu temo que tendo bastante para a passividade. É o meu caso prestar bastante atenção para não ser passiva, para não cair para esse lado. Sim, eu também preciso ser assertiva e nem sempre sou. Estou em fase de conscientemente prestar atenção até que se torne um hábito ser assertiva. Não que eu me puna quando sou passiva. Mas hoje tenho mais consciência de como a passividade pode anular-me e fazer-me apenas um joguete, não autora de minha vida.
Estou evoluindo, porque agora já tenho consciência quando sou uma Zé Ninguém. Encaro meus pensamentos quando eles me indicam que sou pequena e estou habituando-me a pensar grande. Não tenho medo de admitir quando penso pequeno, quando me sinto não merecedora de ter voz.
Evoluí porque ao meu ver não me esconde no poder de outra pessoa. Isso ocorre muito em casos de bullying. Existe um líder, o agressivo, e aqueles Zé Ninguém que o acompanham. Nenhum líder bully seria assim se não tivesse apoiadores e esses se sentem importantes por trás desse agressor. Esses passivos não assumidos tem ilusões de grandeza e força. Eles sentem orgulho do bully e do bullying, como se isso fosse bonito. Mas, enfim, a ilusão de poder anima o Zé Ninguém.
Há como esses passivos apoiadores de bullying se libertarem. Eles querem e aprovam a opressão, ao invés de libertar-se.
Outros passivos que não aprovam o bully e por isso são as vítimas do bully também podem sair da escravidão. Não estou falando em rebelião, em atitudes erradas pois um erro não justifica outro erro. Claro que todos falhamos como pessoas, mas é preciso pensar bem como se livrar da opressão.
Outro exemplo de passividade do Zé Ninguém é na própria vida cidadã. Quantas vezes aprovamos a opressão e damos apoio direto aos opressores por meio do nosso voto, das não cobranças e da não participação como cidadãos? Quantas vezes somos Zé Ninguém ao não fiscalizar, não denunciar, ao nos omitirmos?
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